Em um mercado majoritariamente masculino, as mulheres ganham cada vez mais espaço
Quantas mulheres você conhece que integram times de tecnologia? A presença feminina ainda é baixa, mas está em crescimento. A Brasscom aponta que, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) do IBGE, feita em 2019, apenas 20% dos profissionais de TI são mulheres, mesmo com um grau de instrução mais elevado do que os homens.
Apesar da ausência atual no mercado, as mulheres foram protagonistas em uma série de invenções relevantes em tecnologia. O algoritmo que tanto conhecemos atualmente, que dita as redes sociais, foi primeiramente desenvolvido por uma mulher no século XIX, a matemática inglesa Augusta Ada King, também conhecida como a primeira programadora de todos os tempos.
O primeiro software de computador também foi desenvolvido por uma mulher: Grace Hopper, analista de sistemas da Marinha dos Estados Unidos nos anos 1940 e criadora da linguagem de programação Flow-Matic, usada como base para criação do COBOL (Common Business Oriented Language). Se as mulheres criaram tanto em tech, por que o mercado possui maioria masculina?
Falta de espaço para mulheres em tech
Algumas questões podem explicar a ausência de mulheres em tecnologia. Uma delas é cultural e aparece desde a infância: enquanto meninos possuem maior acesso a videogames e computadores, as meninas são incentivadas a se desenvolverem em tarefas domésticas. Mais para a frente, na hora de escolherem uma carreira, os meninos são encorajados a entrarem em cursos de lógica e exatas, como engenharia e matemática, enquanto as meninas são incentivadas a buscarem a área de ciências humanas.
Outro fator é histórico e reforça o mesmo estereótipo: nos anos 70, quando surgiram as primeiras turmas de Computação, ainda não sabiam muito o que era a disciplina e como ela seria aplicada. No início, as mulheres até eram maioria, buscando a especialização para lecionarem na área. Quando o potencial da computação e de carreiras em tecnologia ficou mais claro, os homens passaram a dominar o curso e a presença no mercado. É o que mostra uma pesquisa feita por uma estudante de Sistemas de Informação pela Escola de Artes, Comunicações e Humanidades da USP (EACH-USP).
Com o passar dos anos, esse acesso masculino privilegiado e consequente ausência feminina em tecnologia criou um mercado formado, em sua maioria, por homens. Quanto menos mulheres em tech, mais desencorajadas ficam as próximas gerações a entrarem nessa área de trabalho. No entanto, essa estatística vem mudando nos últimos anos.
Incentivo feminino em tecnologia: programas de desenvolvimento
Entre 2015 e 2021, a participação de mulheres em processos seletivos de tecnologia no Brasil aumentou de 16% para 40%, de acordo com o relatório “Women in Tech 2022” da empresa de tecnologia BairesDev. O estudo analisou 1 milhão de candidaturas recebidas em vários países. Outro dado interessante é relativo à idade das candidatas: a maioria é jovem, na faixa dos 20 anos, representando cerca de 40% das aplicações.
Isso mostra que o espaço feminino no mercado de tech está aumentando. O incentivo também cresce, através de programas de formação voltados para mulheres. Existem várias comunidades, inclusive dentro de empresas, que buscam capacitar e desenvolver mulheres nessa área, além de promover o diálogo e a troca de informações – e, consequentemente, mais espaço nesse mercado.
São números que apontam para um futuro mais otimista de mulheres em tecnologia. Quem está chegando são as gerações mais novas, que se sentem mais encorajadas a entrarem na área. Ofertar vagas afirmativas e priorizar mulheres no processo seletivo também é uma forma de elevar a representatividade e diversidade na empresa.